Várias leituras de uma mesma safra

Notícias 13 de janeiro de 2016

Enquanto o Imea já revisou duas vezes a produção de soja para baixo, a Conab aponta para uma oferta recorde no Estado, em mais um levantamento.

A safra de soja 2015/16, pelo menos em Mato Grosso, está rendendo interpretações diferentes. Enquanto o segmento produtivo local anuncia a primeira retração na produção desde a safra 2008/09, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), acaba de apontar para mais um recorde de oferta. Conforme dados divulgados ontem pela estatal, o Estado, que é o maior produtor nacional da oleaginosa, deverá contabilizar neste ciclo 28,27 milhões de toneladas, volume que se confirmado até o final da colheita será mais uma recorde sobre recorde na série histórica local. 

Na última segunda-feira, no entanto, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que em dezembro já havia refeito a previsão para a safra estadual de soja com corte de cerca de 1 milhão de toneladas, ajustou novamente os números e tirou dos campos, por conta da perda de potencial produtivo das lavouras, mais 286 mil toneladas. A forte seca que acompanhou os produtores em todas as regiões do Estado do início do plantio, em setembro, até meados de dezembro, impactou de forma severa o desenvolvimento das plantas e comprometeu o rendimento dos grãos. De acordo com o Imea, a produção da nova safra passa a ser estimada em 27,82 milhões de toneladas, ante a primeira projeção que chegou a apontar para pouco mais de 29 milhões de toneladas.

Os técnicos da Conab sustentam o recorde no ganho espacial, ou seja, no aumento de área. Nesse quarto levantamento há um incremento nacional na área plantada de 3,5% em relação ao ocorrido no exercício anterior. “Na região Centro-Oeste, principal produtora da oleaginosa no país, é esperada apresentar um incremento de 3% em relação à safra passada. Na maioria das regiões produtoras foram identificados problemas ocasionados pela falta de chuvas, causando o replantio, com destaque para o médio norte, onde muitos municípios estão sofrendo com a acentuada escassez de chuvas. É consenso entre os informantes consultados que a falta de precipitações irá proporcionar queda de produtividade e que a soja precoce será a mais afetada. As maiores variações ocorreram nos municípios situados ao longo da BR 163 – Lucas do Rio Verde a Sinop – e também nos plantios em Campo Verde e Primavera do Leste”, pontuam os técnicos. Nesse levantamento, Mato Grosso cobriu 9,14 milhões de hectares com soja, 2,3% mais que na safra 2014/15. Em relação à produção, o volume esperado sai de 28,01 milhões t do ciclo passado para uma estimativa de 28,27 milhões t, crescimento anual de 0,9%.

SAFRA 2015/16 – Enquanto a soja mato-grossense é recorde, conforme os números da Conab, a safra de grãos e fibras foi calculada neste levantamento com retração de 0,5% em relação ao volume produzido na no ciclo anterior, que passa de 51,67 milhões t para 51,42 milhões t. No levantamento divulgado em dezembro, por exemplo, a Companhia apontava para produção recorde de mais de 52,2 milhões t.

Mesmo com a correção em razão dos fatores climáticos, o Estado vai responder pela maior fatia da produção nacional de grãos e fibras, 24,74%, seguido pelo Paraná com 18,08% e pelo Rio Grande do Sul, 14,34%. Com essa participação, Mato Grosso segue, pelo quinto ano-safra consecutivo como o maior produtor agrícola nacional.

ALGODÃO – O plantio de algodão na região previsto para o início de dezembro ainda não atingiu o ritmo necessário por falta de chuvas. A expectativa é de que a área total de plantio em Mato Grosso aumente 4,3% em comparação à safra 2014/15, variando de 562,7 mil hectares para 586,9 mil hectares, com o crescimento concentrado, principalmente, na região de Sapezal. A produção de pluma deve atingir 925,7 mil t, crescimento anual de 0,4%.

MILHO – Nesta temporada o clima irá ditar a magnitude das safras de milho segunda safra em todo o país. Para Mato Grosso, maior produtor do cereal, a área está mantida em 3,35 milhões hectares e a produção deverá encolher 1,8%, ao passar de 20,30 milhões t para 19,92 milhões t.

MARIANNA PERES
Diário de Cuiabá
Disponível em: http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=485183