Estudo analisa benefícios dos transgênicos na agricultura

Notícias 30 de janeiro de 2014

Em 10 anos, soja responderá por mais da metade dos benefícios econômicos da biotecnologia

 Milho responde hoje pela maior fatia dos ganhos gerados nas lavouras transgênicas, mas cenário deve mudar com as novas tecnologias para a soja. Para ABRASEM, retorno “fica no bolso do produtor”.

 

JANEIRO/2014 – Dos US$ 24,8 bilhões acumulados pelos benefícios da adoção da biotecnologia entre a safra 1996/97 e a safra 2012/13, a cultura do milho responde por mais da metade (55%) deste montante, à frente de soja e algodão. Mas, segundo projeções do estudo sobre os impactos econômicos e socioambientais da biotecnologia na agricultura realizado pela Céleres e Céleres Ambiental para a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM), que chega à sétima edição em 2014, esse cenário deve mudar nos próximos anos.

Graças às novas tecnologias de soja que estão chegando ao mercado, a oleaginosa deve reassumir o protagonismo da biotecnologia, posto que ocupou até a liberação das primeiras variedades de milho geneticamente modificado, em 2007/08. A estimativa é que, nos próximos dez anos (entre as safras 2013/14 e 2022/23), o benefício acumulado seja de US$ 90,8 bilhões e a soja lidere com 56% do total, seguida pelo milho com 38% e pelo algodão com 6%.

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“A importância da soja aumenta justamente pelo fato de ter maior área em relação às demais culturas, além da entrada de tecnologias com eventos combinados, o que favorece ainda mais a adoção de biotecnologia na oleaginosa”, explica Anderson Galvão, CEO da Céleres.

Ganho de produtividade mantém crescimento

Outro aspecto importante levantado pelo estudo é sobre qual benefício tem maior participação no montante calculado. O aumento de produtividade decorrente do uso de sementes transgênicas permanece como principal fator positivo e deve aumentar sua representatividade nos próximos anos. Na última década, representou 52% (quase US$ 12,9 bilhões) dos ganhos econômicos, e a previsão para os próximos dez anos é que aumente sua participação e fique com 56% do total (US$ 50,8 bilhões).

A redução dos custos de produção (menos aplicações de defensivos, menos uso de água e gastos menores com manejo e equipamentos) respondeu por 28% (US$ 6,9 bilhões), no período analisado, enquanto apenas 20% do total ficou com a indústria de sementes.

Os dois principais benefícios ao produtor rural, decorrentes da adoção da biotecnologia agrícola, em última instância, beneficiam o consumidor final, por ter mais oferta de alimentos pelo aumento da produtividade, além de alimentos mais baratos, pela redução do custo de produção.

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“Esses resultados nos mostram duas coisas”, afirma o presidente da Abrasem, Narciso Barison Neto. “Primeiro, geração de renda no campo. Usar sementes com tecnologia gera ganho econômico que fica no bolso do produtor. Segundo, que a biotecnologia é fator primordial para aumento da produção de alimentos sem aumentar a área plantada. Para o pequeno e médio agricultor, em especial, isso é fundamental, pois é possível colher mais no mesmo espaço.”

geração de renda no campo. Usar sementes com tecnologia gera ganho econômico que fica no bolso do produtor. Segundo, que a biotecnologia é fator primordial para aumento da produção de alimentos sem aumentar a área plantada. Para o pequeno e médio agricultor, em especial, isso é fundamental, pois é possível colher mais no mesmo espaço.”

Para Barison, o agricultor percebe que investir em biotecnologia aumenta sua rentabilidade, mas de forma empírica. “O agricultor sabe, porque é a vida dele. Mas o estudo mostra isso de forma muito mais precisa, com indicadores – o que é ótimo para o produtor e para o agronegócio nacional”, salienta. De acordo com o estudo, cada R$ 1 adicional investido em biotecnologia na última safra gerou mais de R$ 3,00 de retorno adicional na saca colhida: R$ 3,35 no caso da soja, R$ 3,40 com o milho e até R$ 3,50 a mais por saca no caso do algodão.

 Retorno decorrente do uso de sementes transgênicas (safra 2012/13)

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Água economizada pode abastecer 3,9 milhões de pessoas

 O estudo da Céleres Ambiental também analisa os benefícios socioambientais da adoção da biotecnologia no período de 1996/97 a 2012/13 e faz uma projeção para os próximos dez anos, de 2013/14 a 2022/23. Nesse contexto, são analisados fatores como uso de água, óleo diesel, ingrediente ativo e emissões de gás carbônico.

 Em relação à redução de água nos próximos dez anos, considerando a adoção da biotecnologia, 169,3 bilhões de litros do recurso deixarão de ser utilizado nas lavouras, volume suficiente para atender a uma população de 3,9 milhões de pessoas, o que equivale a quatro capitais brasileiras: Campo Grande, Cuiabá, Porto Alegre e São Luís.

 O volume de óleo diesel utilizado no maquinário agrícola nas lavouras transgênicas terá importante diminuição na próxima década. A redução prevista para as três culturas poderá chegar a 1,41 bilhão de litros, quantidade suficiente para abastecer uma frota de 587,8 mil veículos leves.

 No caso das emissões de gás carbônico, em decorrência do uso de óleo diesel, projeta-se que, aproximadamente, 3,7 milhões de toneladas do gás deixariam de ser lançados na atmosfera, o que equivale a preservar 27,6 milhões de árvores.  Também foi calculada a redução no uso de ingrediente ativo. No período de dez anos, deixarão de ser utilizados 143 mil toneladas de defensivos agrícolas.

 “Diante desses resultados, comprova-se que a biotecnologia, em conjunto com as demais práticas agrícolas, pode proporcionar taxas ainda mais expressivas de crescimento da produtividade, sem a necessidade de expansão física da área semeada, preservando, assim o meio ambiente. Porém, isso não será possível se o produtor não adotar as técnicas de manejo, como a implantação de forma correta das áreas de refúgio e a aplicação dos defensivos agrícolas, evitando a aplicação de produtos sem a real necessidade”, finaliza Anderson.

 Estudo chega à sétima edição

 Esta é a sétima edição do estudo que acompanha os benefícios da biotecnologia na agricultura brasileira, realizado anualmente desde 2008 para a ABRASEM. Os resultados se baseiam em pesquisas de campo e entrevistas com mais de 360 produtores de soja, milho e algodão espalhados pelo País – as três culturas com eventos GM aprovados no Brasil e já disponíveis no mercado.