Objetivo é conhecer melhor o processo regulatório brasileiro, considerado modelo por outros países.
Brasília, 28 de fevereiro de 2013 – Três cientistas chineses visitaram hoje (28/02) pela manhã a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das 47 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, onde foram recebidos pelo chefe-geral, Mauro Carneiro. O objetivo da comitiva – composta por Xu Haibin (diretor da Divisão de Avaliação de Risco do Centro Chinês de Segurança Alimentar – CFSA); Kulun Huang (vice-diretor do Centro de Testes de Produtos Agrícolas – MOA) e Xiaoguang Yang (vice-presidente nacional do Comitê de Biossegurança para a Agricultura e membro do Conselho Internacional de Ciências da Nutrição) – é conhecer melhor o sistema regulatório brasileiro na área de biossegurança, considerado um dos melhores do mundo.
A programação em Brasília, incluindo a Embrapa e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), fechou a agenda da comitiva no Brasil, que contou com visitas à Universidade de São Paulo – USP; Laboratório Brasileiro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol – CTBE; Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética – CBMEG; Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP); Centro de Energia na Argicultura (CENA/USP) e Associação Brasileira de Sementes – Abrasem, além de uma reunião com o presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), Flávio Finardi.
Eles são professores e cientistas de renomados institutos de pesquisa e universidades da China e, paralelamente, atuam como membros no comitê de biossegurança daquele país (NBC), similar à CTNBio no Brasil. Segundo o Superintendente Executivo da Abrasem, José Américo Pierre Rodrigues, que viabilizou a visita, há grande interesse deles em compreender as bases do sistema regulatório brasileiro na área de OGMs, considerado por eles como “muito claro em termos de requerimentos e processos”.
Feijão transgênico desenvolvido pela Embrapa despertou a atenção da comitiva
Durante a visita à Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, o chefe-geral da Unidade falou sobre as pesquisas da Unidade para desenvolvimento de produtos geneticamente modificados, de forma geral, com ênfase nos dois que já foram aprovados para comercialização pela CTNBio: a soja Cultivance, desenvolvida em parceria com a Basf, e o feijão transgênico com resistência ao vírus do mosaico dourado.
O feijão transgênico, aprovado pela Comissão em setembro de 2011, foi citado por Carneiro como um dos exemplos mais bem sucedidos da biotecnologia no Brasil, especialmente, por ter sido totalmente desenvolvido por instituições públicas de pesquisa brasileiras, incluindo pesquisa e regulamentação.
Os chineses demonstraram muito interesse por esse exemplo e questionaram o chefe-geral sobre como ele avalia a sua comercialização no Brasil. Carneiro explicou que as variedades GM de feijão estão sendo submetidas a testes de VCU (validação de custo por unidade) e devem chegar ao mercado nas safras de 2015/2016.
Ele acredita que a aceitação do feijão transgênico pelo mercado brasileiro deve ser positiva, já que além de ser totalmente brasileiro, não está associado a herbicidas e pesticida.
Somado a essas vantagens, destaca-se o fato de este ser um exemplo significativo de impacto social e alimentar do uso da engenharia genética. No Brasil o feijão é uma cultura de extrema importância social, já que é produzido basicamente por pequenos produtores, com cerca de 80% da produção e da área cultivada em propriedades com menos de 100 hectares.
Além disso, é a principal fonte vegetal de proteínas (o teor das sementes varia de 20 a 33%), além de ser também fonte de ferro (6-10 mg/100 g). Associado ao arroz dá origem a uma mistura tipicamente brasileira e ainda mais nutritiva e rica em vitaminas.
“Esperamos que as variedades resistentes ao vírus reduzam os danos às lavouras de feijão e contribuam para estabilizar o preço do produto no mercado”, afirma Carneiro, lembrando que o principal benefício ambiental das variedades GM é a diminuição na aplicação de produtos químicos (inseticidas) no ambiente.
Fernanda Diniz
Jornalista
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Foto: Adilson Werneck