Apesar do crescimento no uso de sementes legais no Brasil, a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) considera que combater a pirataria e conscientizar os produtores ainda é o principal desafio do setor para os próximos anos. As principais culturas do país – soja, milho e algodão –apresentaram evolução na utilização de sementes certificadas em relação à safra 11/12.
O milho é o grande destaque, com adoção de 91%. Porém, a soja e o algodão ainda sofrem com a pirataria. Hoje, as sementes certificadas representam 67% e 55%. Ou seja, de cada três sacos de sementes de soja, um é ilegal – e quase metade das sementes de algodão também.
Desde a sua fundação, há 40 anos, a Abrasem vem fazendo um enorme esforço para se adaptar ao novo cenário de sementes no Brasil e no mundo.
Para Narciso Barison Neto, presidente da Abrasem, a entidade é o guarda-chuva do setor e procura discutir todos os temas de interesse da cadeia de sementes com o objetivo de buscar soluções e encaminhar propostas para a resolução de eventuais dificuldades.
“Nem sempre é fácil, mas fazemos um grande esforço para chegar a posições de consenso, que nos permitam seguir unidos na defesa dos interesses do agronegócio brasileiro”, completa Barison.
Durante esses anos, a Abrasem tem trabalhado para reunir o maior número possível de entidades que representam os mais diversos setores da cadeia de sementes com o objetivo de formar uma representação institucional forte e atuante. Desde obtentores, que desenvolvem pesquisas para disponibilizar novas variedades e tecnologias aos agricultores, até multiplicadores, que produzem as sementes gerando volume suficiente para abastecer o mercado, e os pesquisadores e técnicos, que prestam suporte científico ao sistema.
Atualmente, 13 associações fazem parte do sistema Abrasem, representando Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, Tocantins, Maranhão e Minas Gerais.
Associados do Sistema Abrasem destacam a importância da entidade
O presidente da Apasem (Associação dos Produtores de Sementes do Estado do Paraná), Marcos Trintinalha, explica que a relação da Abrasem com as entidades é muito importante para a troca de informações e a resolução de problemas do setor que não podem ser resolvidos na esfera estadual, como questões de legislação, por exemplo.
Efrain Fishmann, presidente da Apassul (Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul), destaca que as associações estaduais estão sempre muito afinadas com aAbrasem e que a associação tem um papel enorme em questões regulatórias e de legislação, além de levar aos produtores informações esclarecedoras sobre o uso da tecnologia. “O trabalho da Abrasem é fundamental para toda a cadeia de sementes, ela protege e organiza nosso setor”, comenta.
Entre as associadas da Abrasem também está a Abrates (Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes), que fomenta o desenvolvimento de tecnologias para o aprimoramento da produção de sementes no País. Para o presidente da Abrates, José de Barros França Neto, a parceria com a Abrasem é fundamental, pois as duas entidades estão dedicadas aos produtores de sementes. “A Abrasem e a Abrates estabeleceram um elo muito forte por meio da pesquisa cientifica e da atualização dos profissionais da área. Nós recebemos da Abrasem as demandas de produtores e levamos os temas para instituições e universidades, que desenvolvem uma série de pesquisas que são compartilhadas com os associados da Abrasem e geram muitos benefícios para a cadeia”, explica França.
Além do segmento de grandes culturas (soja, milho, trigo, algodão, arroz, entre outros), representado pelas Associações Estaduais de Produtores de Sementes e Mudas, a Abrasem tem parceria ainda nos segmentos de hortaliças, por meio da sua associada Abcsem (Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas), e o de forrageiras, por meio da Unipasto, além de outras associações estaduais.
O presidente da Abcsem, Luis Eduardo Rodrigues, explica que a expertise no segmento de plantas ornamentais, viveiros e sementes hortaliças é dividida com a Abrasem. “Além da troca de experiências, a Abrasem apoia seus associados no relacionamento com outras entidades nacionais e internacionais e com o Ministério da Agricultura. É uma parceria que traz benefícios aos associados e ao setor de sementes”, conta Luis Eduardo.
A Braspov (Associação Brasileira dos Obtentores Vegetais), entidade que congrega as empresas que fazem pesquisa para o desenvolvimento de novas cultivares, tem buscado atuar em parceria com a Abrasem, na busca do desenvolvimento desse setor estratégico para a agricultura do País. O presidente da Braspov, Goran Kuhar, diz que as duas entidades têm várias iniciativas em parceria, entre elas, o combate à pirataria de sementes, que é um dos problemas que mais afeta o mercado. “As associadas da Abrasem trabalham em parceria para solucionar as principais questões que podem afetar o setor, uma delas, é o combate à pirataria de sementes”, explica Goran.
O Diretor-executivo da Coodetec (Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola), Ivo Carraro, completa que “a Abrasem faz parte da historia e desenvolvimento da semente no Brasil, com uma função muito importante de unir de forma imparcial os interesses dos diferentes segmentos que compõem este setor no País, o que também contribuiu para a melhora do agronegócio brasileiro. Sem a presença de uma entidade com essa coordenando ações voltadas pra semente, provavelmente teria sido mais difícil o Brasil conquistar o que conseguiu ate agora”, explica Carraro.
José Américo Rodrigues, superintendente da Abrasem, destaca também a importante participação da Associação em entidades internacionais. “A Abrasem organizou este ano o Congresso Mundial de Sementes, no Rio de Janeiro, evento que contou com mais de 1 mil participantes de todo o mundo, e gerou 3 bilhões de dólares em negócios. Já sediamos eventos importantes da Associação de Sementes das Américas (SAA) e da Federação Latino Americana de Associações de Sementes (Felas). A Abrasem ocupa postos de destaque em todas essas entidades. Essa participação se traduz em novas oportunidades de negócios”, conclui.
Narciso Barison ressalta que o trabalho integrado e a abrangência da Abrasem são fundamentais para a associação. “A Abrasem não é mais uma associação de multiplicadores, representa todo o sistema de sementes no Brasil. Tornou-se uma entidade importante no momento em que a semente é a principal responsável pela produtividade e pela renda do agricultor. Os últimos cinco anos foram desafiadores por conta dos eventos de biotecnologia e os próximos serão ainda mais movimentados”, explica.
Para ele, a semente passou do patamar de insumo e se transformou num ativo para a agricultura. “A Abrasem representa isso, conquistou o respeito do setor do agronegócio brasileiro e tem uma parceria consolidada com o Ministério da Agricultura. É um player nacional e internacional, que comprova que o Brasil é um dos principais produtores de alimentos do mundo.”
Sobre a Abrasem
A Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) representa os vários segmentos do setor de sementes e mudas no Brasil, desde a parte inicial do ciclo de produção agrícola, levando assistência técnica aos produtores rurais, apoiada na pesquisa e desenvolvimento de novas variedades de plantes que melhor se adaptem às variadas condições geográficas do país. Fundada em 1972, a Abrasem reúne 13 associações de produtores de sementes e mudas, 126 laboratórios, 332 unidades de beneficiamento, 1.200 unidades armazenadoras, além do segmento de pesquisa (obtentores). A entidade congrega 620 produtores associados, 42 mil agricultores, 4,4 mil técnicos e 16,6 mil vendedores, além de gerar 1,4 milhão de empregos diretos e indiretos.