Repasse dos custos ao preço da carne resultou em grande valorização a partir da segunda metade do ano passado.
O mercado brasileiro de carne suína encerrou um ano inesquecível. Se nestes últimos dias de dezembro o cenário foi positivo para o setor, o mesmo não pode ser dito dos primeiros seis meses do ano, que foram de muitas dificuldades, segundo a analista de Safras&Mercado Andreia Mariani. “A suinocultura enfrentou cenário muito complicado no mercado interno no primeiro semestre de 2012, com uma queda significativa nos preços pagos ao produtor”, destaca. Ela recorda que, no primeiro trimestre do ano, o quilo do suíno vivo foi precificado em média a R$ 2,43 no Centro-Sul do Brasil, em linha com o valor praticado em igual período de 2011. “No entanto, no decorrer do segundo trimestre, a valorização do milho e do farelo de soja, principais insumos utilizados na alimentação animal, acabaram pressionando o mercado. Paralelamente a esse fator, no mesmo período, o setor apresentou quadros de excedente de oferta, o que fez com que os preços da carne suína caminhassem em sentido inverso aos custos de produção. Com isso, muitos suinocultores tiveram grandes prejuízos”, salienta. O preço médio no Centro-Sul apresentou desvalorização de 23% em junho frente aos primeiros meses do ano. “Na região Sul, por exemplo, os preços do quilo vivo saíram da casa de R$ 2,40 para R$ 1,70, muito abaixo do que foi praticado em igual período de 2011. Já em São Paulo a arroba suína saiu da casa dos R$ 63,00 em janeiro, passando para R$ 38,00 na ultima quinzena de junho”, avalia. Embarques – “Comparativamente ao mesmo período do ano passado, as exportações somaram um volume inferior, de 253,936 mil toneladas, porém com uma receita 5,2% superior a de 2012”, analisa. A produção foi 4% superior frente ao primeiro semestre de 2011. Conforme a analista, com o mercado pressionado era preponderante que o setor reajustasse a produção para obter uma recuperação das margens no segundo semestre. Entretanto, o setor manteve o volume de animais abatidos, com produção em torno de 5% superior ao segundo semestre de 2011. “Como os custos de produção seguiram efetivos, foi necessário um repasse aos preços da carne suína, o que resultou em uma expressiva valorização a partir da segunda metade do ano”, comenta. Dados acumulados até novembro apontaram para um crescimento de 14,% nos embarques de carne suína frente ao mesmo período do ano passado. Estima-se que o ano encerre com volume total de 575 a 580 mil toneladas de carne suína embarcada. Perspectiva – A perspectiva é de que os preços da carne suína apresentem desvalorização no primeiro trimestre de 2013, visto que a demanda tende a apresentar arrefecimento. “Os custos de produção, por outro lado, devem continuar impactando o mercado no inicio de 2013”, sinaliza. A única ressalva da analista é de saber se, durante o ano de 2013, haverá uma alteração da mentalidade do setor: a de se esquivar de quadros adversos com mais propriedade, sem comprometer tanto a rentabilidade. |
Fonte: Diário do Comércio – BELO HORIZONTE – (MG) – 03/01/2013